Divulgando o trabalho importantíssimo de Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Área de Concentração em Silvicultura, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS)
Com isso mostra o quão grande é a diversidade da flora no Botucarai, e não é qualquer projeto mal intencionado que vai destrui-lo.
O Alessandro e sua fiel escudeira Anelise trabalharam incansavelmente, com chuva ou com sol o ânimo era o mesmo. a vontade de fazer as medições mais precisas, também passar o dia todo só com umas frutas,um sanduíche ou um miôjo, só para fazer o dia render,...
Parabéns, 144 paginas de pura dedicação, sucesso por toda vida,sempre para vocês...
Divulgarei parte do estudo...
Veja:
**********editado**********
O Alessandro e sua fiel escudeira Anelise trabalharam incansavelmente, com chuva ou com sol o ânimo era o mesmo. a vontade de fazer as medições mais precisas, também passar o dia todo só com umas frutas,um sanduíche ou um miôjo, só para fazer o dia render,...
Parabéns, 144 paginas de pura dedicação, sucesso por toda vida,sempre para vocês...
Divulgarei parte do estudo...
Veja:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
MARIA
CENTRO DE
CIÊNCIAS RURAIS
PROGRAMA
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA
FLORESTAL
ECOLOGIA E FITOSSOCIOLOGIA DA
VEGETAÇÃO
ARBÓREA
DE UM MORRO TESTEMUNHO
NO
SUL DO BRASIL
DISSERTAÇÃO
DE MESTRADO
Alessandro Abreu Fávero
Santa
Maria, RS, Brasil
2015
ECOLOGIA E FITOSSOCIOLOGIA DA VEGETAÇÃO
ARBÓREA DE UM MORRO
TESTEMUNHO NO SUL DO BRASIL
Alessandro
Abreu Fávero
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de
Pós-Graduação em Engenharia
Florestal, Área de Concentração em
Silvicultura, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS),
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em
Engenharia Florestal
Orientador:
Prof. Dr. Solon Jonas Longhi
Santa Maria, RS, Brasil
2015
Universidade
Federal de Santa Maria
**********editado**********
Centro de
Ciências Rurais
Programa
de Pós-Graduação em Engenharia Florestal
A
Comissão Examinadora, abaixo assinada,
Aprova a
Dissertação de Mestrado
ECOLOGIA
E FITOSSOCIOLOGIA DA VEGETAÇÃO
ARBÓREA
DE UM MORRO TESTEMUNHO
NO SUL DO
BRASIL
Elaborada por
Alessandro
Abreu Fávero
como requisito parcial para
obtenção do grau de
Mestre em
Engenharia Florestal
COMISSÃO
EXAMINADORA:
Solon Jonas Longhi, Dr. (Presidente/Orientador)
Jorge
Luiz Waechter, Dr. (URFGS)
Sônia
Maria Eisinger, Dr. (UFSM)
Santa Maria, 27 de fevereiro de
2015.
AGRADECIMENTOS
Ao
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, da Universidade Federal de
Santa Maria, RS.
Ao
professor Solon Jonas Longhi por ter acreditado em mim, pela
amizade, apoio, empréstimos de livros, envio de artigo, revisões, sugestões e
conselhos.
Ao co-orientador Frederico Dimas
Fleig pela atenção, apoio e sugestões.
Aos meus
parceiros de campo a Doutoranda do PPGEF Anelise Marta Siegloch e ao Marcelo
Coimbra da Silva do Grupo GAAIA pela amizade e companheirismo foram
fundamentais para a realização desta dissertação.
Agradeço
a Anelise M. S., a qual tornou essa jornada mais significativa ..., pela sua
compania, pelo apoio e pelo carinho. Jamais esquecerei.
Aos componentes da banca de
defesa pela participação, sugestões e recomendações.
A todos que de alguma forma
contribuíram para que esta pesquisa fosse possível.
Agradeço
ao Universo por ter adicionando na minha jornada o Morro do Botucaraí e as
magníficas pessoas mencionadas.
A todos meus sinceros
agradecimentos.
“A cultura humana é o produto natural e necessário
da natureza humana, tal qual historicamente se apresenta. Entre os fatores da
cultura, os mais importantes são os internos: inteligência espiritual, vontade
livre e vida emotiva; seguem, em segunda linha os fatores de caráter social:
família, estado político e sociedade religiosa; vêm, em terceiro lugar, os
fatores do ambiente externo: caráter de economia, ciclo anual do clima,
fisionomia geral da paisagem.”
(Balduino
Rambo – Fundamentos da Cultura RioGrandense, 1954)
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal
Universidade Federal de Santa Maria
ECOLOGIA
E FITOSSOCIOLOGIA DA VEGETAÇÃO
ARBÓREA
DE UM MORRO TESTEMUNHO
NO SUL DO
BRASIL
AUTOR: ALESSANDRO ABREU FÁVERO
ORIENTADOR: SOLON JONAS LONGHI
Data e local da defesa: Santa Maria, 27 de fevereiro de 2015.
A
pesquisa avalia a florística, contingente fitogeográfico, descritores de
estrutura ecológica, fitossociologia espacial e composição de guildas
ecológicas da vegetação arbórea em um morro testemunho, também examina as
variáveis de altimetria e morfometria. Obtiveram-se os dados abióticos e
bióticos em 15 unidades amostrais (10 x 50m), dispostas em transectos
contínuos, do topo a base do morro, perfazendo 7.500 m2 de
amostragem.
Registraram-se
dados de árvores com a circunferência à altura do peito ≥ 15,7cm, (1,30m de
altura ao nível do solo). As variáveis ambientais foram oriundas da altimetria
(altitude, declividade e diferença de nível) e morfometria (afloramento
rochoso, curvatura vertical, exposição solar e profundidade do solo), além da densidade
de cobertura vegetal e clareiras (abertura do dossel). A presente dissertação
possui três capítulos. O primeiro capítulo caracteriza a florística e o
contingente fitogeográfico da vegetação arbórea. O segundo capítulo avalia a
diversidade biológica: riqueza de espécies, heterogeneidade (índices de
diversidade biológica alfa) e modelos de dominância (ranking de
abundância); e examina a análise exploratória das relações entre as espécies e
as variáveis ambientais. O terceiro capítulo analisa a fitossociologia espacial
e composição de guildas ecológicas em diferentes zonas ecológicas na vertente
do morro.
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De acordo
com Rambo (1956), o Planalto no Estado do Rio Grande do Sul não pode ser
caracterizado como uma única região, pois as diferenças entre os extremos são
demasiadamente pronunciadas, em que os caracteres fisionômicos se misturam
frequentemente em trechos relativamente pequenos dificultando a descrição do
planalto.
Figura 3 – Estado do Rio Grande do Sul, Regiões
Morfológicas: Planalto, Encosta, Serras de Sudeste, Depressão Central, Campanha
e Litoral (BERNARDES, 1997).
O relevo
escarpado do Planalto vulcânico do Estado do Rio Grande do Sul é uma região de
contato de rochas vulcânicas do Planalto com as rochas sedimentares, definido
como Rebordo do Planalto Meridional e constitui uma área importante da Floresta
Estacional Subtropical (ROBAINA et al., 2011), e se caracteriza pelas
declividades acentuadas e áreas de instabilidades (PEDRON et al., 2011).
A região do rebordo do Planalto Meridional é constituída de duas frentes
continuas:
uma cuja escarpa tem orientação
Nordeste (NE) que possui a face com o oceano Atlântico e outra cuja frente é
meridional e prolonga-se de Leste para Oeste, localizada na porção central do
Rio Grande do Sul (ROBAINA et al., 2011). O Planalto da região nordeste tem
maiores altitudes do estado, onde ultrapassam 1.000 m, decaindo gradativamente,
rumo ao Noroeste e ao Oeste, em direção à calha do rio Uruguai, 60 a 70 m de
altitude sobre o nível do mar (STRECK et al., 2008; ROBAINA et al.,
2011).
Junto à
escarpa oriental do litoral as altitudes são cerca de 1.200 metros, mais ao
centro do Estado do Rio Grande do Sul, em Passo Fundo, a altitude é de cerca de
670 metros e pouco a Oeste de Santa Rosa, as altitudes atingem cerca de 250
metros, desse modo, estes algarismos traduzem uma queda de aproximadamente
1.000 metros ao longo de cerca de 700 quilômetros (BERNARDES, 1997).
Na região central do Estado
do Rio Grande do Sul, a província da Depressão Periférica é uma área de rochas
sedimentares diversificadas, apresenta o relevo ondulado à suave ondulado
(coxilhas), as altitudes médias estão entre 40 a 100 metros e geologicamente
faz parte da bacia sedimentar Bacia do Paraná (STRECK et al., 2008).
Segundo
Bernardes (1997) a Depressão Central é representada por toda a região ao sopé
do Planalto e compreende terrenos permo-carboníferos e triásicos subjacentes à
possante capa de efusivas.
1.6 Morro do Botucaraí
O Morro do Botucaraí é conhecido
popularmente como “Cerro do Botucaraí” que deve ter sido originado do
termo Ibytycaray na Língua Guarani, sendo, na atualidade,
objeto de estudos de lendas, tesouros escondidos e monge santo. Destaca-se, o
fato do morro, ter sido visitada pelo botânico Friedrich Sellow que estudou a
flora sul-brasileira, inclusive na literatura Flora Brasiliensis o
local é designado como In summo monte Botucurahy (RAMBO, 1956).
Segundo
Hintz (2006), o formato do morro corrobora com as teorias de que esta região já
fora inundada pelo mar, e seu topo, foi uma ilha, e suas escarpas teriam sido
moldadas pelas ondas das águas, corroborando com Rambo (1954); na Era Cenozóica
no Período do Terciário, a cerca de 60 milhões de anos A.P., a ingressão
marítima determinou a fisionomia definitiva do centro e sudeste do Estado do
Rio Grande do Sul.
Nos dias atuais, o Morro do
Botucaraí é apreciado pela sua beleza cênica, sendo um dos morros isoladas mais
belos do Estado do Rio Grande do Sul, sendo frequentado por observadores de
aves, religiosos, ufologistas, cientistas, escaladores, tracking e
admiradores da natureza. Cabe destacar, a presença do grupo GAAIA que esta
enganjado na preservação e conservação.
Conforme Hintz (2006),
historicamente, no Morro do Botucaraí ocorreram três ocupações, como segue
abaixo:
(i) Primeira ocupação – magos e
feiticeiros indígenas: os seus primeiros moradores não eram nada amistosos, nem
seguidores da fé cristã. Índios bravios e magos feiticeiros ocupavam o morro e
as redondezas ainda no tempo das reduções, como o grande mago feiticeiro, muito
temido, chamado Yeguacaporú, o qual se fazia adorar como se fosse
um deus, irmão de Yaguarobi e filho de Chemboabate,
igualmente horríveis. Tendo o verdadeiro ódio aos jesuítas.
(ii) 2ª ocupação – jesuítas permanecem
no morro até o retorno dos Bandeirantes: após a destruição da redução
Jesus-Maria, o domínio do morro teria passado às mãos de jesuítas. Em 1716,
continuava nas imediações do morro a exploração dos ricos ervais por jesuítas e
índios da redução Jesus-Maria. Neste mesmo ano, os bandeirantes paulistas
vieram em busca de prata; no entanto, a tão cobiçada
“prata”
era apenas a erva-mate, ali beneficiada. Ao tentar escalar o morro, os
invasores teriam sido atacados a tiros, por índios e jesuítas, fazendo-os
recuar. A estrada ainda existente nas adjacências do morro era a rota por onde
passavam carretas carregadas de erva-mate; esta teria sido, também, a rota dos
tropeiros que se dirigiam ao Uruguai e à Argentina, ladeando o morro na encosta
Sul. O local foi abandonado pelos jesuítas por volta de 1767, quando eles foram
totalmente expulsos do território gaúcho.
(iii) 3ª ocupação – monge João Maria de
Agostini: oitenta anos após, surge um novo pregador no morro, fundador de uma
organização religiosa. O monge João Maria d’Agostini era originário de
Piemonte, na Itália. A sua primeira estada no morro deu-se em 1846, quando
teria se deslocado para Campestre, em Santa Maria, RS, onde ele próprio
intitulou-se solitário eremita do Botucaray. Perseguido pela
milícia imperial, o monge teria retornado ao morro em 1849 para refugiar-se,
sendo preso no local.
Por cerca
de 1960, um audacioso projeto turístico começou a ser desenvolvido pela família
Pertille, de Cachoeira do Sul, RS, donos, na época, da Rádio Princesa do Jacuí,
o chamado “Projeto do Bondinho”, cujo objetivo era construir, em dois anos, um
complexo turístico no cume do morro, incluindo a instalação da Rede TV –
Princesa.
Nos dias
atuais, muitos são os que procuram o morro para pagamento de promessas e
pedidos de curas nas águas de sua fonte. O misticismo que envolve o morro tem
variadas origens religiosas. A primeira é da crença anticristã, cultuada por
índios pagãos, seguida da ocupação cristã católica e da seita individual,
pregada por uma pessoa tida como santa e milagreira (o Santo Monge). Desse
modo, não é de estranhar que a cultura do “Santo Cerro”
(e da “prata escondida”) se
perpetue no imaginário de muitas pessoas (Hintz, 2006).
No
entanto, a maior riqueza do Morro do Botucaraí, além de sua paisagem natural e
valor cultural, é o tesouro científico representado por sua flora e fauna, além
do patrimônio paleontológico, uma vez que existem registros de fósseis nas
cercanias, como o Guaibassaurus candelarensis Bonaparte, 1999, descoberto pela fundação
Zoobotânica do Rio Grande do Sul em 1996, além de Gimnospermas fósseis.
2 METODOLOGIA GERAL
2.1 Caracterização da área de estudo
A
pesquisa foi realizada na Floresta Latifoliada Estacional Subtropical
Submontana de Cumeada (Oliveira-Filho, 2009), situada na encosta do rebordo do
Planalto Meridional SulBrasileiro, na região central do Rio Grande do Sul, mais
especificamente no Morro do
Botucaraí (29º42’ S e 52º50’ W),
distante, aproximadamente, a 6 km a sudoeste da cidade de Candelária.
A região
é classificada no tipo de clima Cfa, conforme Köppen, com precipitação média de
1.564mm e temperatura média anual de 19,2ºC (Moreno, 1961). Ferraz &
Roberti (2011), no rebordo do Planalto Meridional, avaliaram a precipitação e
temperatura para os anos 2000 a 2004, constatando que: a precipitação possui
distribuição uniforme, com chuvas fortes no fim do inverno e primavera; existem
gradientes de temperatura sazonal e espacial do L para O; e a topografia é
relevante para a temperatura. A precipitação pluviométrica, ao longo do ano,
varia de 60 a 140 mm nos meses de verão, outono e inverno, e de 100 a 320 mm
nos meses de primavera; a temperatura média no mês de janeiro atinge 24ºC, com
máximas em torno de 40ºC; nos meses de inverno, a temperatura média é de 8ºC,
sendo o mês de julho o mais frio, com ocorrência de geadas.
O solo da
região é derivado de rochas efusivas básicas da Formação Serra Geral, ocorrendo
derrames de lavas basálticas com incrustações de calcita. Pertence à unidade de
mapeamento Charrua, caracterizado por solos rasos, de textura média, poucos desenvolvidos,
moderadamente drenados, ligeiramente ácidos e neutros, com alta saturação de
bases e sem problemas de alumínio trocável (Brasil, 1973). No Sistema
Brasileiro de Classificação de Solo – SiBCs (Embrapa, 2006), a unidade de
mapeamento Charrua compreende os Neossolos Regolítico Eutrófico Léptico e
Litólico Eutrófico.
O Morro
do Botucaraí tem seu ponto mais alto à cerca de 570 metros de altitude sobre o
nível do mar (Figura 1), lembrando, segundo o botânico e fitogeógrafo Balduino
Rambo:
Figura 1 – Planta altimétrica do Morro do Botucaraí, na Depressão
Central, próximo ao rebordo do Planalto Meridional do Rio Grande do Sul.
O Cerro do Botucaraí parece um castelo truculento de rochedos, com uma
grande variabilidade de aspecto e descreve-se que visto ao norte parece um
único pilar rochoso, estreito e truncado; visto de Santa Cruz, apresenta-se
como largo tabuleiro de regular declividade; visto do sul, transforma-se em
estreita aresta, uniformemente inclinada sobre a planície.
Voando de avião ao redor descobre-se a sua verdadeira forma: em sentido
Leste-Oeste, aparecem as faces compridas da aresta, fracamente inclinadas na
base, verticais deste o terço de altura em diante; em sentido Sul-Norte,
aparece a face curta, produzindo a impressão de longa aresta; em direção
Norte-Sul apresenta-se a parte mais alta do norte, onde os paredões são mais
elevados e íngremes (Rambo, 1956, p. 342).
2.2 Amostragens
A amostra dos dados consiste de 15 unidades amostrais de 10 x 50m
subdivididas em subunidades amostrais de 10 x 10m; dispostas em transectos
contínuos (MUELLERDOMBOIS; ELLENBERG, 1974) no sentindo NE ao SE, do topo até a
baixada do morro, perfazendo 7.500 m2 de amostragem.
Avaliou-se a vertente do morro através da classificação de Cavalcanti
(2014) que incide nas seguintes categorias (Figura 2): topo, encosta-superior,
meia-encosta, encostainferior e base.
Figura 2 – Diferentes posições dos segmentos de relevo (CAVALCANTI,
2014).
Foram alocadas quatro unidades amostrais (2.000 m2) no topo,
duas (1.000 m2) na encosta-superior, três (1.500 m2) na
meia-encosta, duas (1.000 m2) na encosta-inferior e quatro (2.000 m2)
na base. Nestas, examinou-se o perfil das unidades de vertente de Darlymple et
al. (1968) (CHRISTOFOLETTI, 2011), que divide e caracteriza as unidades de
perfil de relevo em função da declividade e dos processos morfogenéticos
dominantes e atuantes (ver Referencial Teórico, Figura 1 e Tabela 1).
2.3 Coleta de dados
2.3.1 Dados abióticos
Nas unidades amostrais foram mensurados e registrados os valores dos
descritores de altimetria e morfometria.
As variáveis de altimetria mensuradas, com base em Valeriano (2008) e
Tuler e Saraiva (2014), foram: altitude, declividade média e diferença de
nível.
Os valores de altitude foram obtidos nas subunidades amostrais, onde se
registrou os valores nas arestas e no centro para em seguida obter o valor
médio; usou-se o aparelho digital de Sistema de Posicionamento Global (GPS). Os
valores de declividade da área foram obtidos para cada lado das subunidades
amostrais, em graus de inclinação, e após obteve-se a média de inclinação;
usou-se o hipsômetro digital Vertex III. A diferença de nível
foi obtida para cada subunidade amostral, correspondendo diferença de altura
entre dois pontos topográficos (altitude), no sentido da unidade amostral.
As variáveis de morfometria aferidas foram: afloramento rochoso,
curvatura vertical, exposição solar e profundidade do solo, conforme
Mueller-Dombois e Ellenberg (1974) e Cavalcanti (2014).
O afloramento rochoso avaliaou-se visualmente a percentagem da
superfície da subunidade amostral ocupada por rocha exposta. Adotou-se a
respectiva escala nominal: 0 = ausência; 1= 1- 20%; 2 = 21 – 40%; 3 = 41 - 60%,
4 = 61 - 80%; 5 = 81 - 100%. A curvatura vertical da vertente refere-se à forma
convexo/côncava/retilíneo do terreno quando analisado em perfil e está
correlacionada aos processos de migração e acumulo de água, minerais e matéria
orgânica no solo, foi avaliada visualmente. A exposição do terreno foi
registrada conforme a maior declividade da subunidade amostral, medida em
relação aos pontos cardeais com o uso da bússola de navegação. A profundidade
do solo foi obtida com as perfurações realizadas com o trado de rosca, foi
mensurada para cada subunidade amostral, nas arestas e no centro, e obteve-se a
média de profundidade do solo.
2.3.2 Dados bióticos
Registrou se os dados das árvores com a circunferência à altura do peito
maior ou igual a 15,7 cm, medido a 1,30m ao nível do solo. A CAP
(circunferência à altura do peito) foi obtida com a trena métrica e a altura
total (Ht) das árvores foi mensurada com uma vara graduada de 5 metros ou com o
hipsômetro Vertex III. As árvores foram identificadas in
loco, coletando-se o material botânico das espécies duvidosas para
posterior identificação. A classificação das famílias botânicas segue o
critério do Angiosperm Phylogeny Group (APG III, 2009) e, para
gêneros e espécies, a Lista de Espécies do IPNI – The International Plant Names
Index (2012) (http://www.ipni.org [acessado em 27 de março 2015]).
A densidade de cobertura vegetal avaliou-se por subunidade amostral
usando o densiômetro esférico, em cada ponto alocado no centro da subunidade
amostral efetuo-se a leitura N, S, L e O e após obteve-se o valor médio.
As clareiras classificaram-se de acordo com a causa de abertura (PUIG,
2008): queda de um galho da copa de uma árvore (clareira parcial ou volis),
queda de uma única árvore (clareira elementar), queda de várias árvores
simultaneamente (clareira múltipla) e a queda de várias árvores defasadas no
tempo (clareiras complexas).
*********************editado****************************
2.2 Composição florística
Na amostragem registraram-se 68 espécies distribuídas em 56 gêneros e 30
famílias botânicas. As famílias botânicas mais representativas quanto à riqueza
de espécies foram Euphorbiaceae, Fabaceae e Myrtaceae (6 espécies), seguidas
por Lauraceae (5 spp.), Meliaceae, Salicaceae, Sapindaceae (4 spp.) e
Boraginaceae (3 spp.). Registraram-se 8 famílias botânicas constituídas por 2
espécies e 14 famílias botânicas por apenas 1 espécie (Tabela 2).
A família botânica com maior número de indivíduos foi Euphorbiaceae com
304 árvores (25,4% do total), seguida por Moraceae com 223 (18,6%), Meliaceae
com 179 (15%) e Myrtaceae com 126 árvores (10,5%). As espécies com maior
abundância foram Actinosmon concolor com 234 indivíduos (19,6%
do total), Sorocea bonplandii com 220 (18,4%) e Trichilia
claussenii com 161 indivíduos (13,5%), essas arvoretas são típicas do
sub-bosque, sendo que A. concolor é tolerante a sombra e
autocórica e S. bonplandii e T. claussenii são
tolerante a sombra e zoocórica.
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Tabela 2 – Florística (família, espécies e nome vulgar) e guildas
ecológicas da comunidade arbórea do Morro do Botucaraí. Guilda de
requerimento de luminosidade (P = pioneira, DL = demandante de luminosidade, TS
= tolerante a sombra); guilda de dispersão de diásporos (Ane = anemocórica, Aut
= autocórica, Zoo = zoocórica).
Família e Espécie
|
Nome
vulgar
|
Guilda
|
Anacardiaceae
|
||
Lithraea
brasiliensis Marchand
|
bugreiro
|
P-Zoo
|
Annonaceae
|
||
Annona
neosalicifolia
H.Rainer
|
ariticum
|
DL-Zoo
|
Annona rugulosa (Schltdl.)
H.Rainer
|
cortiça
|
TS-Zoo
|
Araliaceae
|
||
Schefflera
calva (Cham.)
Frodin & Fiaschi
|
caixeta
|
TS-Zoo
|
Arecaceae
|
||
Euterpe
edulis Mart.
|
palmito-juçara
|
TS-Zoo
|
Syagrus
romanzoffiana (Cham.)
Glassman
|
jeriva
|
DL-Zoo
|
Boraginaceae
|
||
Cordia americana (L.) Gottschling
& J.S.Mill.
|
guajuvira
|
DL-Ane
|
Cordia ecalyculata Vell.
|
louro-mole
|
DL-Zoo
|
Cordia
trichotoma (Vell.)
Steud.
|
louro-pardo
|
DL-Ane
|
Cannabaceae
|
||
Celtis
iguanaea (Jacq.)
Sarg.
|
esporão-de-galo
|
P-Zoo
|
Cardiopteridaceae
|
||
Citronella paniculata (Mart.)
R.A.Howard
|
pau-de-corvo
|
TS-Zoo
|
Celastraceae
|
||
Schaefferia
argentinensis Speg.
|
TS-Zoo
|
|
Ebenaceae
|
||
Diospyros
inconstans Jacq.
|
baga-de-jacu
|
DL-Zoo
|
Euphorbiaceae
|
||
Actinostemon concolor (Spreng.)
Müll.Arg.
|
laranjeira-do-mato
|
TS-Aut
|
Alchornea
triplinervia (Spreng.)
Müll.Arg.
|
tapiá
|
DL-Zoo
|
Pachystroma
longifolium (Nees)
I.M.Johnst.
|
mata-olho
|
TS-Zoo
|
Sapium
glandulosum (L.)
Morong
|
pau-de-leite
|
P-Aut
|
Sebastiania
brasiliensis Spreng.
|
leiteiro
|
DL-Aut
|
Tetrorchidium
rubrivenium Poepp.
& Endl.
|
canemuçu
|
P-Aut
|
Fabaceae
|
||
Erythrina
falcata Benth.
|
corticeira-da-serra
|
DL-Zoo
|
Inga
marginata Willd.
|
ingá-feijão
|
P-Zoo
|
Machaerium
paraguariense Hassl.
|
pau-de-malho
|
DL-Ane
|
Myrocarpus
frondosus Allem.
|
cabreúva
|
DL-Ane
|
Parapiptadenia
rigida (Benth.)
Brenan
|
angico-vermelho
|
P-Ane
|
Senegalia
bonarienesis (Gillies)
Seigler & Ebinger
|
unha-de-gato
|
DL-Ane
|
Família e Espécie
|
Nome
vulgar
|
Guilda
|
Lamiaceae
|
||
Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke
|
tarumã
|
DL-Zoo
|
Lauraceae
|
||
Aiouea
saligna Meisn.
|
canela-vermelha
|
TS-Zoo
|
Nectandra
lanceolata Ness
& Mart.
|
canela-amarela
|
DL-Zoo
|
Nectandra
megapotamica Mez
|
canela-merda
|
DL-Zoo
|
Ocotea
puberula (Rich.)
Nees
|
canela-guaicá
|
DL-Zoo
|
Ocotea
silvestris Vattimo-Gil
|
canela
|
TS-Zoo
|
Meliaceae
|
||
Cabralea
canjerana (Vell.)
Mart.
|
canjerana
|
DL-Zoo
|
Guarea
macrophylla Vahl
|
catiguá-morcego
|
TS-Zoo
|
Trichilia
claussenii C.DC.
|
cafeeiro-do-mato
|
TS-Zoo
|
Trichilia
elegans A.Juss
|
pau-de-ervilha
|
TS-Zoo
|
Moraceae
|
||
Ficus
luschnathiana Miq.
|
figueira-mata-pau
|
DL-Zoo
|
Sorocea bonplandii (Baill.)
W.C.Burger, Lanj. &
Wess.Boer
|
cincho
|
TS-Zoo
|
Myrtaceae
|
||
Campomanesia
xanthocarpa O.Berg.
|
guabiroba
|
DL-Zoo
|
Eugenia
involucrata D.C.
|
cereijera
|
DL-Zoo
|
Eugenia
ramboi D.Legrand
|
batinga-branca
|
TS-Zoo
|
Eugenia
rostrifolia D.Legrand
|
batinga-vermelha
|
DL-Zoo
|
Eugenia
uruguayensis Cambess.
|
guamirim
|
DL-Zoo
|
Myrcianthes
pungens (O.
Berg) D.Legrand
|
guabiju
|
DL-Zoo
|
Nyctaginaceae
|
||
Pisonia
ambigua Heimerl
|
maria-mole
|
TS-Zoo
|
Phytolaccaceae
|
||
Phytolacca
dioica L.
|
umbu
|
P-Zoo
|
Seguieria
aculeata Jacq.
|
limoeiro-do-mato
|
DL-Zoo
|
Piperaceae
|
||
Piper
gaudichaudianum Kunth
ex. C.DC.
|
pariparoba
|
P-Zoo
|
Primulaceae
|
||
Myrsine
loefgrenii (Mez)
Otegui
|
capororoca
|
TS-Zoo
|
Myrsine
umbellata Mart.
|
capororoca
|
DL-Zoo
|
Proteaceae
|
||
Roupala
montana Willd.
|
carvalho
|
TS-Zoo
|
Rosaceae
|
||
Prunus
myrtifolia (L.)
Urb.
|
pessegueiro-bravo
|
DL-Zoo
|
Rubiaceae
|
||
Randia
fero DC.
|
limoeiro-do-mato
|
TS-Zoo
|
Rutaceae
|
||
Zanthoxylum petiolare A.St.- Hil. & Tul.
|
mamica-de-cadela
|
DL-Zoo
|
Família e Espécie
|
Nome
vulgar
|
Guilda
|
Salicaceae
|
||
Banara
tomentosa Clos
|
guaçatunga
|
DL-Zoo
|
Casearia
decandra Jacq.
|
guaçatonga
|
TS-Zoo
|
Casearia
sylvestris Sw.
|
carvalhinho
|
P-Zoo
|
Xylosma
pseudosalzmanii Sleumer
|
pitiá
|
TS-Zoo
|
Sapindaceae
|
||
Allophylus edulis Radlk. ex. Warm.
|
vacunzeiro
|
DL-Zoo
|
Allophylus guaraniticus (A. St. Hil.) Radlk.
|
chal-chal
|
TS-Zoo
|
Cupania
vernalis Cambess.
|
camboatá-vermelho
|
DL-Zoo
|
Matayba
elaeagnoides Radlk.
|
camboatá-branco
|
DL-Zoo
|
Sapotaceae
|
||
Chrysophyllum
gonocarpum (Mart.
& Eichler ex Miq.) Engl.
|
aguaí
|
DL-Zoo
|
Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.)
Radlk.
|
aguaí-vermelho
|
P-Zoo
|
Simaroubaceae
|
||
Picrasma
crenata Engl.
|
quássia
|
TS-Zoo
|
Solanaceae
|
||
Cestrum
intermedium Sendtn.
|
coerana
|
P-Zoo
|
Solanum
sanctae-catharinae Dunal
|
joá-manso
|
P-Zoo
|
Urticaceae
|
||
Boehmeria
caudata Sw.
|
assa-de-peixe
|
P-Ane
|
Urera
baccifera (L.)
Gaudich.
|
urtigão-bravo
|
P-Zoo
|
O ranking de guildas ecológicas
referente à riqueza de espécies foi o seguinte:
dependente de
luminosidade e zoocórica (27 espécies), tolerante a sombra e zoocórica (20
spp.), pioneira e zoocórica (11 spp.), dependente de luminosidade e anemocórica
(5 spp.), pioneira e autocórica (2 spp.) e com apenas 1 espécie as categorias
dependente de luminosidade e autocórica, pioneira e anemocórica e tolerante a
sombra e autocórica.
Observou-se, a
ausência da guilda ecológica tolerante a sombra e anemocórica.
2.3 Fitossociologia espacial horizontal
Inventariaram-se 1.196 indivíduos vivos em 0,75ha, e 48 árvores mortas
em pé. A densidade absoluta das árvores estimada foi de 1.594,67 indivíduos por
0,75ha e a área basal total foi igual a 27,442m2 por 0,75ha.
Sendo que destes indivíduos 51,5% estão distribuídos nas espécies Actinostemon
concolor, Sorocea bonplandii e Trichilia claussenii.
Com relação a frequência relativa das árvores verificou-se que as mais
frequentes, foram: Sorocea bonplandii, Actinostemon concolor, Trichilia claussenii, Eugenia rostrifolia, Nectandra megapotamica, Pachystroma
longifolium e Cupania vernalis, perfazendo 10,3% das
árvores inventariadas.
Na dominância relativa destacaram-se: Trichilia claussenii, Nectandra
megapotamica, Pachystroma longifolium, Eugenia
rostrifolia, Cupania vernalis, Sorocea bonplandii e Actinostemon
concolor, perfazendo 59,7% da dominância total.
No ranking das espécies com os
maiores VI destacaram-se: Trichilia claussenii,
Sorocea bonplandii, Actinostemon
concolor, Eugenia rostrifolia, Nectandra megapotamica, Pachystroma
longifolium e Cupania vernalis, perfazendo 157,73 do VI
(52,6%). No ranking do VC constataram-se as mudanças nas
espécies A. concolor que passou para o segundo lugar e T.
claussenii que passou para o terceiro lugar, a espécie S.
bonplandii assumiu o primeiro lugar.
Observaram-se, no ranking do VI, acima, que as espécies
tolerantes a sombra e zoocórica constituem 82,7 do VI (27,6%), a única espécie
tolerante a sombra e autocórica, constituí 28,6 do VI (9,5%). E as espécies
dependentes da luminosidade e zoocórica perfazem 46,4 do VI (15,4%).
Examinou-se a fitossociologia espacial horizontal e a composição de
guildas ecológicas nas diferentes zonas ecológicas do morro (Tabela 3).
A zona ecológica com maior abundância foi o topo (405 indivíduos), seguido
da base (318 ind.), encosta-superior (243 ind.), meia-encosta (131 ind.) e
encosta-inferior (99 ind.) (Tabela 3); essas zonas ecológicas possuem áreas de
diferentes dimensões.
As espécies com maior VI no topo, foram: Sorocea bonplandii,
Actinostemon concolor, Nectandra megapotamica, Pachystroma longifolium, Ocotea
silvestris e Cupania vernalis, constituem 153,67 do VI (51,2%).
Relativo ao ranking do VC constatou as seguintes
mudanças: P. longifolium passou para o terceiro lugar e N.
megapotamica passou para o quarto lugar, C. vernalis passou
para quinto lugar e O. silvetris passou para o sexto lugar
no ranking (Tabela 3).
As espécies tolerantes a sombra e zoocórica constituem 77,71 do VI
(25,9%); as espécies tolerantes a sombra e autocórica constituem 36,61 do VI
(12,2%); por sua vez, as espécies dependentes da luminosidade e zoocórica,
constituem 39,35 do VI (13,1%).
As espécies com maior VI na base, foram: Actinostemon concolor,
Sorocea bonplandii, Nectandra megapotamica, Urera baccifera e Cupania
vernalis, constituem 137,21 do VI (45,7%). E relativo ao ranking do
VC constatou-se a mesma sequência atribuída ao VI (Tabela 3).
As espécies tolerantes a sombra e autocória constituem 39,88 do VI
(13,3%); as espécies tolerantes a sombra e zoocórica constituem 32,05 do VI
(10,7%); as espécies dependentes da luminosidade e zoocóricas constituem 43,61
do VI (14,5%); por sua vez, as espécies pioneiras e zoocórica, constituem 21,67
do VI (7,2%).
As espécies com maior VI na encosta-superior, foram: Trichilia
claussenii e Eugenia rostrifolia, seguidas por Roupala
montana, Actinostemon concolor, Eugenia uruguayensis, Matayba
elaeagnoides, Sebastiania brasiliensis, Sorocea
bonplandii e Chrysophyllum gonocarpum, constituem
175,27 do VI (58,4%). Relativo ao ranking do VC
constatou as seguintes mudanças: A. concolor passou para o
quinto lugar e E. uruguayensis passou para o quarto
lugar, M. elaeagnoides passou para o sétimo lugar e S.
brasiliensis para o sexto lugar no ranking.
As espécies tolerantes a sombra e zoocórica constituem 82,58 do VI
(27,5%); as espécies dependentes da luminosidade e zoocórica constituem 63,73
do VI (21,2%); as espécies tolerantes a sombra e autocórica constituem 16,66 do
VI (5,5%) e as espécies dependente da luminosidade e autocórica, constituem
12,31 do VI (4,1%).
As espécies com maior VI na meia-encosta, foram: Trichilia
claussenii, Sorocea bonplandii, Eugenia rostrifolia, Pachystroma longifolium e Actinostemon
concolor, constituem 205,14 do VI (68,4%). Relativo ao ranking do
VC constatou-se a mesma sequência atribuída ao VI (Tabela 3).
As espécies tolerantes a sombra e zoocórica constituem 152,13 (50,7%);
as espécies dependentes da luminosidade e zoocórica constituem 32,34 do VI
(10,8%). as espécies tolerante a sombra e autocórica, constituem 20,67 do VI
(6,9%).
As espécies com maior VI na encosta-inferior, por sua vez, foram: Trichilia
claussenii, Eugenia rostrifolia, Myrcianthes pungens, Nectandra
megapotamica e Sorocea bonplandii, constituem 162,2 do VI
(54,2%). Relativo ao ranking do VC constatou a mesma sequência
atribuída ao VI (Tabela 3).
As espécies tolerantes a sombra e zoocórica constituem 88,9 do VI
(29,6%); as espécies dependentes da luminosidade e zoocórica constituem 73,72
do VI (24,6%)...
*************************(Editado)*************************
3 DISCUSSÕES
Na vertente do morro detectou-se que os processos geomorfológicos geram
a heterogeneidade espacial e, dessa maneira, foi possível constatar nas
diferentes zonas ecológicas particularidades na florística, estrutura
ecológica, fitossociologia espacial e dinâmica da comunidade arbórea.
No entanto, a florística é pouco dissimilar aos inventários realizados
no centro do Estado, devido, principalmente, a ocorrência de Euterpe
edulis e Roupala montana, estando em conformidade ao
estudo de Sühs et al. (2010).
De modo geral, as famílias botânicas estão em concordância aos estudos
de Longhi et al. (1986), Tabarelli (1992), Alberti et al. (2000), Longhi et al.
(2000), Nascimento et al. (2000), Budke
et al. (2005), Lindenmaier & Budke (2006), Giehl et al. (2007), Sühs et
al. (2010) e Kilca e Longhi (2011).
As espécies com maior valor sociológico (VI) foram às arvoretas típicas
da camada folhosa inferior (sub-bosque), consideradas como espécies clímax
(VACCARO, 1997), assim, indicaram a fase de madureza da comunidade
arbórea.
Trichilia claussenii se destacou com maior VI, principalmente,
devido a sua dominância relativa, porém, em geral é uma árvore de pequeno
porte, desse modo, o valor da dominância relativa está fortemente relacionado
com a densidade relativa, ou seja, os indivíduos possuem valores de área basal
consideráveis, mas a elevada densidade relativa faz com que esta espécie
detenha maior área basal; em muitos indivíduos o tronco é perfilhado,
contribuindo para o incremento da área basal. Em geral, é arvoreta típica da
camada folhosa inferior, mas a de maior porte, alcançando, muitas vezes, a
camada folhosa média; predominou na encosta.
As espécies Sorocea bonplandii e Actinostemon
concolor se destacaram devido à elevada densidade relativa, ambas têm
o mesmo VI, entretanto, S. bonplandii possui maior dominância
relativa e A. concolor maior densidade relativa, predominaram
no topo e na base do morro.
Por conseguinte, deduziu-se a repartição do nicho de luminosidade no
interior da camada folhosa inferior, onde Trichilia claussenii, em
muitos casos, atingiu à camada folhosa média, seguida, abaixo por Sorocea
bonplandii e Actinostemon concolor, com necessidades
de distintas qualidades e quantidades de luminosidade. A comunidade arbórea do
morro detém maior representatividade de arvoretas tolerante a sombra e
zoocórica, seguidas por tolerante a sombra e autocórica.
As espécies Eugenia rostrifolia, Nectandra
megapotamica, Pachystroma longifolium e Cupania
vernalis tiveram o VI elevado devido ao porte, ou seja, elevada
dominância relativa, sendo frequentes nas zonas ecológicas. Observaram-se na
camada folhosa média e superior. E. rostrifolia possui maior
densidade relativa e frequência relativa e N. megapotamica maior
dominância relativa, seguida por P. longifolium e C.
vernalis. As espécies E. rostrifolia, N.
megapotamica e C. vernalis são elementos típicos na
Floresta Estacional Subtropical no centro do Estado, dessas, somente P.
longifolium é tolerante a sombra e emergente, exigente às condições de
luminosidade.
Demais espécies tiveram baixos valores sociais (VI), porém, determinaram
a elevada riqueza de espécies, contribuindo para o incremento da diversidade
biológica alfa, além de vários mecanismos e estratégias de estabelecimento de
plântulas, desenvolvimento e dispersão de diásporos, que corroboram na
manutenção e estabilidade da comunidade arbórea diante de distúrbios naturais e
perturbações.
No topo e na base as espécies com maior valor de importância, foram Sorocea
bonplandii e Actinostemon concolor e na encosta
foi Trichilia claussenii. Este fenômeno relaciona-se à topografia e
luminosidade, no topo e na base do morro, a topografia é relativamente plana e,
desse modo, proporciona as condições mais adequadas ao estabelecimento de
plântulas e desenvolvimento, consequentemente, nestes locais ocorreram maior
número de árvores, isto é, maior adensamento das árvores formando os ambientes
de maior densidade de cobertura vegetal, de tal modo, que a camada folhosa inferior
ou abaixo tende a receber menor luminosidade.
Na encosta, o estabelecimento das plântulas e o desenvolvimento são
prejudicados por deslizamentos, desmoronamentos e solos rasos, entre outros
distúrbios naturais, consequentemente, esses locais possuem menos árvores e
maior luminosidade, e de certa forma, favorece o desenvolvimento de Trichilia
claussenii.
A encosta do morro, em estudo, se encontra na orientação Sul, e desse
modo, recebe menor incidência de luminosidade durante o período do inverno; a
penetração da luminosidade no interior da vegetação arbórea sofre influências
do ângulo de incidência da radiação solar devido à topografia inclinada.
Com base em Odum (1988), Ricklefs (1994), Puig (2008) e Whitemore (2010)
a luminosidade desempenha funções essenciais na vegetação arbórea, pois as
variações em sua intensidade e composição de seu espectro influenciam o
crescimento, reprodução e produtividade das comunidades arbóreas e,
indiretamente, na fitossociologia espacial. A diminuição da intensidade luminosa
no interior da vegetação arbórea varia evidentemente em função da forma,
densidade de cobertura vegetal, agitação das folhas e ângulo de incidência dos
raios solares.
As zonas ecológicas são constituídas por florística pouco dissimilar,
mas as mudanças na fitossociologia espacial são evidentes demonstrando as
distintas fases de dinâmica ou homeostasia, e desse modo, os mosaicos
florestais, isto é, unidades de vegetação em diferentes fases de silvigênese.
No topo do morro detectou-se a fase de homeostasia, conforme o exame das
espécies registradas, fato relacionado à topografia relativamente plana, a
história de ocupação do local e ao difícil acesso antrópico. Já a base e a
encosta se encontrram em fase de dinâmica, conforme a representatividade das
espécies características da sucessão ecológica inicial avançada e ao elevado
número de árvores suprimidas.
Segundo Longhi et al. (1986) na base do morro, devido ao fácil acesso,
ocorreram maior exploração de madeiras, e de fato, constataram-se muitos cepos,
inclusive, se verificaram clareiras e efeitos de borda, como as estradas para
retirada de madeiras e plantações de cultivo agrícola cíclico, como fumo e
milho.
Na estratificação vertical examinaram-se três camadas folhosas, que
variaram quanto à densidade, altura e amplitude, entre as zonas ecológicas. As
camadas folhosas foram rarefeitas nas unidades amostrais instaladas na encosta,
principalmente, a camada folhosa superior, esse fenômeno ocorre devido à
declividade (solos rasos, deslizamento e desmoronamento) e, portanto, o efeito
de alavanca deve ser intenso, ficando as árvores emergentes mais vulneráveis
aos distúrbios naturais, principalmente, ao vento, inclusive, se observou maior
número de clareiras complexas e múltiplas.
A composição de guildas ecológicas com maior riqueza de espécies foram
as dependentes da luminosidade e zoocórica, seguidas por tolerantes a sombra e
zoocórica, porém a maior representatividade de indivíduos tolerantes a sombra e
zoocórica ou autocórica, devido principalmente às arvoretas típicas da camada
folhosa inferior.
A guilda ecológica autocórica possui três estratégias de requerimento de
luminosidade: Actinostemon concolor tolerante a sombra
predomina na camada folhosa inferior; Sebastiania brasiliensis dependente
da luminosidade foi registrada na camada folhosa inferior e com poucos
indivíduos na camada folhosa média; e as espécies pioneiras Sapium
glandulosum e Tetrorchidium rubrivenium registradas
na camada folhosa superior.
A estratégia autocórica é eficiente na dispersão dos diásporos a curta
distância, sendo localmente muito eficaz refletindo na elevada densidade
relativa de Actinostemon concolor e na distribuição de Sebastiania
brasiliensis. No entanto, a diferença de abundância dessas espécies deve
estar relacionada à densidade da comunidade arbórea, favorecendo a espécie
tolerante a sombra. Segundo Marchiori (2000), Actinostemon concolor desenvolveu
o mecanismo de competição interespecífico com outras plantas durante o
estabelecimento inicial, suportando elevadas densidades.
A guilda ecológica anemocórica possui duas estratégias de requerimento
de luminosidade, dependentes da luminosidade com ampla distribuição no local de
estudo e a pioneira, restrita na encosta-inferior. Em geral, as espécies
anemocóricas dependentes de luz ocorrem em todas as camadas folhosas e a
pioneira ocorreu somente na camada folhosa superior. Neste sentido, as espécies
anemocóricas dependentes da luminosidade devem se relacionar com o período
estacional da floresta subtropical que permite a dispersão dos diásporos com
maior eficiência no período de perda das folhas, principalmente, as espécies da
família Fabaceae, havendo a necessidade de estudos que examinem a sincronia
entre a dispersão dos diásporos e a queda das folhas.
Por sua vez, a guilda ecológica zoocórica possui as espécies pioneiras,
dependentes de luminosidade e tolerantes a sombra. As tolerantes a sombra
predominaram nas zonas ecológicas e nas camadas folhosas, seguida por
dependentes da luminosidade e pioneiras. O predomínio de zoocóricas é padrão
nas comunidades arbóreas neotropical, em florestas tropicais e subtropicais,
afirmando a importância da fauna nos mecanismos de dispersão dos diásporos.
Ressalta-se a necessidade de estudos que avaliem se os frugívoros são especialistas
ou generalistas, se seus itinerários e comportamento orientam os fluxos dos
diásporos.
Evidenciaram-se quatro variáveis ambientais relacionadas à composição de
guildas ecológicas; a proporção da variação do modelo não explicada induz a
refletir que fatores estocásticos ponderaram sobre o ambiente essencialmente na
distribuição das espécies e, de modo geral, a disponibilidade de água,
nutrientes são fatores preponderantes (COSTA, 2010), além do agente dispersor.
A estimativa dos descritores de fitossociologia espacial permitiu
estabelecer os valores sociológicos para as espécies, e desse modo, observou-se
que a vegetação arbórea está constituída por zonas ecológicas com distintas
fitossociologia espacial e dinâmica florestal.
4 CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Da mensuração das variáveis de altimetria e morfometria, pode-se concluir que:
• Os diferentes
segmentos de posição do relevo representados pelas unidades de perfil
representam a heterogeneidade espacial dos processos geomorfológicos, os quais
originam distintas zonas ecológicas na vertente caracterizadas por uma
fitossociologia espacial e dinâmica florestal.
• A composição de
guildas ecológicas relacionou-se com as variáveis: altitude, declividade,
exposição solar e profundidade do solo. As demais, variações correspondem ao
ruído, isto é, a porção de variáveis abióticas e bióticas não contempladas
neste estudo.
Da análise da
florística nas diferentes zonas ecológicas conclui-se:
• A vegetação arbórea
do Morro do Botucaraí diferencia-se de locais inventariados na região Central
do Estado devido, principalmente, a ocorrência de Euterpe edulis e Roupala
montana, além de Pachystroma longifolium e Ocotea
silvestris.
• A florística entre as
diferentes zonas ecológicas foram poucos dissimilares, algumas espécies foram
peculiares a determinados ambientes, como Ocotea silvestris que
ocorreu somente no topo e Roupala montana no topo e,
principalmente, na encostasuperior. Trichilia claussenii predominou
nas zonas ecológicas da encosta e Actinostemon concolor e Sorocea
bonplandii foram predominantes nos ambientes de topografia
relativamente plana.
Da análise da
fitossociologia espacial horizontal concluiu-se:
• As espécies com maior
valores social foram Trichilia claussenii, Sorecea
bonplandii e Actinostemon concolor, Eugenia
rostrifolia, Nectandra megapotamica, Pachystroma
longifolium e Cupania vernalis. As três primeiras são
típicas do sub-bosque e são espécies clímax; indicando a fase de madureza da
vegetação arbórea.
• Nas zonas ecológicas
de topografia plana as espécies com maior valores social foram Sorocea
bonplandii e Actinostemon concolor; nas zonas ecológicas
de topografias inclinadas a espécie com maior valor social foi Trichilia
claussenii, este fenômeno está relacionado ao adensamento da
vegetação e ângulo de incidência da radiação solar.
Da análise da
fitossociologia vegetal vertical, conclui-se que:
• As diferentes zonas
ecológicas são representadas por três camadas folhosas, as quais possuem
valores de densidades, de alturas e de amplitudes distintas.
• A florística é
bastante similar na camada folhosa inferior entre as distintas zonas
ecológicas, porém, na camada folhosa média e superior é dissimilar.
Da análise da
composição de guildas ecológicos conclui-se que:
• Nas zonas ecológicas
da vertente do morro ocorrem diferentes proporções da composição de guilda
ecológicas, sendo que as árvores tolerantes a sombra e zoocóricas predominaram
em todas as zonas ecológicas e em todas as camadas folhosas da estratificação
vertical, seguidas das árvores dependentes da luminosidade e zoocóricas ou das
tolerantes a sombra e autocóricas.
• A caracterização dos
processos de sucessões ecológicas secundárias e silvigênese é essencial para
estratégias de manutenção e conservação de comunidades arbóreas, inclusive, no
desenvolvimento de sistemas silvicuturais visando o manejo ecológico e
sustentável...
***************************editado*******************************
CONCLUSÃO
Os resultados dos
dois capítulos apresentados demostram que a vegetação arbórea da Montanha do
Botucaraí possui uma heterogeneidade ambiental condicionada por inúmeras
variáveis físicas, químicas e biológicas. Entre as variantes físicas
destacam-se as oriundas da altimetria e a morfometria que condicionam, em
parte, a modificação na florística, na estrutura ecológica, na fitossociologia
espacial e na dinâmica florestal, permitindo, desse modo, dectectar distintas
zonas ecológicas nas diferentes posições de segmento do relevo da
montanha.
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