Pontos cruciais do Código
Florestal
Na retomada da votação do novo Código Florestal cabe destacar alguns pontos que são cruciais para a não destruição do que resta das nossas florestas e matas ciliares. Quando começamos com o GAAIA (Grupo de Apoio, Ações e Ideias Ambientais) aqui em Candelária vimos o enorme mal que causaria a aprovação do novo código. Cito como exemplo a faixa de apenas 15 metros que a lei irá obrigar a preservar. Isto é muito pouco para conter a água da chuva e poderá assorear cada vez mais arroios e rios. É preciso lembrar que mesmo com a lei anterior, que obrigava a preservação de uma área de 30 metros, já era notório o desmatamento. Portanto, não podemos retroceder por interesses políticos e puramente combinados em troca de votos.
Não estamos defendendo o meio ambiente por uma causa banal. Queremos garantir que nossas futuras gerações não passem sede e dificuldade para obter água em um futuro próximo. Tenho certeza de que a população de baixo poder aquisitivo não terá condições de comprar água potável. É preciso lembrar que esta lei vai determinar a preservação de nossos arroios, rios e morros por muitos anos, por isso qualquer trecho do texto deve ser bem interpretado e receber a devida importância.
mata ciliar do Rondinha em Candelária. |
Nas fotos de satélite
aqui da região se vê que nem sempre a mata ciliar serpenteia os arroios
e rios. Então, vale reforçar: se aprovada a área de preservação
de 15 metros certamente serão vistos só os rios, sem nenhuma mata.
O novo Código Florestal terá que reforçar os pontos que destacam
as punições – estas, por sinal, são motivos de chacota por aqui.
Isto porque o nosso Rio Pardo, Botucaraizinho, Rio Pardinho e outros
morros da região estão praticamente sem mata e poucos são punidos
por isso. Outros pontos cruciais (e que precisam ser observados) são:
o declive ou grau em que se pode plantar ou desmatar para a formação
das lavouras de fumo aqui no Rio Grande do Sul e a emissão de autorizações
ambientais pelos Estados e municípios que acarretam danos irreparáveis
em nosso País. Digo isso porque Estados e municípios pensam em produção
a qualquer preço, ou seja, deixam a preservação de lado. Conhecemos
bem os órgãos municipais, as comissões e os conselhos, criados simplesmente
por exigências ou por fachada. Quem quer realmente proteger o meio
ambiente fica decepcionado com o conteúdo das conversas nestes órgãos.
Por isso, consideramos que dar poder aos Estados e aos municípios é
o mesmo que dar uma faca a uma criança.
topo de morro em Candelária. |
Ademais, os desmatadores
modernos do Rio Grande do Sul têm um segredo. Vão derrubando as árvores
aos poucos, de forma aleatória, e chegam a levar até dois anos para
concluir o desmatamento. Quando questionados a respeito, simplesmente
alegam que a área estava desmatada há anos ou então que não sabiam
que era proibido. Tem que haver punição para quem já desmatou. Só
assim estes espertalhões darão um basta nisso. Com certeza o trabalho
do Ministério Público de cada cidade é o único que defende e põe
medo em qualquer desbravador fora da lei. Nós, aqui no centro destes
acontecimentos, vimos deputados - alguns até conterrâneos nossos –
deixando de defender uma preservação justa, dando apenas justificativas
com números, e esquecendo que a produção agrícola pode e deve ser
feita com consciência ecológica.
Marcelo Coimbra
da Silva
Grupo de Apoio, Ações
e Ideias Ambientais (Gaaia) de Candelária